Sula 2021 consagra três dos maiores da história do Athletico
Santos, Thiago Heleno e Nikão. Podem não ter sido os maiores craques que já vestiram a camisa do Furacão. Mas ninguém fez história com a que só se veste por amor como eles. Três pilares dos anos mais vencedores de toda trajetória do Club Athletico Paranaense. Dignos de estátua.
Santos recebeu holofotes pela primeira vez quando chegou na inédita final da Copa São Paulo de Futebol Júnior. Acabou com o vice. A partir dali, foram anos como reserva do Weverton. Como ironia do destino, Weverton sempre vestiu a camisa 12. Como quem soubesse que a 1 sempre foi de Santos.
E o Santos esperou pacientemente pela sua chance. No início de 2018, Weverton foi para o Palmeiras. Porém o treinador que acabava de chegar queria Rodolfo como o goleiro titular. Rodolfo se mandou para o Flu e Aderbar dos Santos Neto enfim teve a sua oportunidade.
Bastou um ano para fazer história. Com muita segurança, um estilo pacato e um talento imenso, conquistou o primeiro grande título internacional da história do Furacão. No ano seguinte, a primeira Copa do Brasil. E agora mais uma Sula (além do ouro olímpico com a Seleção). Em todas essas grandes campanhas, se destacou pegando pênaltis em momentos decisivos. Os outros que me desculpem, mas pra mim é o maior goleiro da história do Athletico.
Thiago Heleno chegou no início de 2016. Mesmo antes de vestir a camisa rubro-negra, já havia feito a torcida atleticana sorrir, quando fez um gol no Coritiba pela final da Copa do Brasil de 2012. Logo no seu primeiro ano de Furacão, já meteu gol no Coxa na final do estadual. Em poucos meses virou ídolo. Em 2018, com a faixa de capitão no braço – herdada do substituído Lucho González – coube a ele terminar com o jogo mais dramático da história do Furacão (pelo menos, dos últimos 30 anos). Com a fúria de um monstro, encheu o pé e converteu o pênalti que fez do Furacão pela primeira vez campeão da Sula.
Em 2019, por erro da equipe de nutrição, foi punido pelo doping e ficou 6 meses fora do gramado. O que acabou tirando Thiago dos principais momentos daquela Copa do Brasil. Mesmo assim, seguia treinando todos os dias ajudando a preparar a equipe para cada desafio. Em 2021, comandou a defesa que tomou apenas 6 gols em 13 jogos. Agora, como o legítimo dono da braçadeira, foi o responsável por erguer a taça. Os outros que me desculpem, mas pra mim é o maior capitão da história do Athletico.
Nikão chegou em 2015 acima do peso e com enorme desconfiança da torcida. Dono de história familiar sofrida, alcoólatra, encontrou na sua passagem pelo Furacão a sua salvação. Em troca, foi a salvação do rubro-negro em inúmeros momentos. Nikão foi decisivo em 2018, fazendo gol na semi da Sula. Nikão foi decisivo de novo em 2019, fazendo gol na semi da Copa do Brasil e abrindo a remontada histórica contra o Grêmio. Em 2020, fez um golaço contra o rival dando o tri estadual. Sem falar nos “jogos comuns”, em que ele sempre teve uma regularidade absurda. Desde que chegou no clube, os titulares são Nikão e mais 10.
Mas o capítulo escrito ontem foi especial. Desde 2015, quando disputou a Copa Sul Americana pela primeira vez pelo Athletico, Nikão muitas vezes foi vítima de racismo. Especialmente, por torcidas estrangeiras. Inclusive, sua primeira participação na taça termina após ser expulso por revidar ofensas pela cor de sua pele. Eis que, no Dia da Consciência Negra de 2021, em solo uruguaio, Nikão faz o gol do título em um voleio maravilhoso, é eleito o melhor da final e do torneio. Os outros que me desculpem, mas pra mim é o maior jogador da história do Athletico.